Casulo de ferro

Post mais que excelente sobre a distorção da percepção da vida que nos causa o casulo de ferro que é o carro. Vou tentar fazer uma tradução à altura da qualidade do post:

"O carro distorce a nossa percepção do tempo e do espaço. Eles agem como uma extensão portátil do abrigo que as nossas casas nos oferecem, adormecendo-nos da realidade da distância percorrida e cegando-nos da topografia por onde viajamos. Utilizando quantidades massivas de energia, os carros reduzem o esforço físico requerido para se mover através do mundo a algo como um toque de pulso. Um esforço físico comparável ao de mudar de canal na televisão ou navegar na net.

Os carros também nos retiram da realidade da meteorologia. Ventos de frente, de costas não tem nenhum sentido dentro de um carro. A chuva é apenas uma pequena inconveniência. Temperaturas negativas só requerem um ajuste no termostáto. Visualizar uma tempestade de dentro de um carro é o mesmo que ver um programa sobre a natureza na TV, numa sala confortável com ar condicionado.

Pedalar, por outro lado, faz-nos mais sensíveis às nuances da paisagem e à energia necessária para percorrer uma distância. Pedalar, tira-nos da dormência sedentária do conforto e da conveniência providenciada pelo automóvel e transporta-nos para o mundo físico do tempo, montes, fumos de escape, cães que ladram, cheiros e bonitos põres-do-sol. Conduzir um carro é tão fácil que nem sequer ponderamos se uma viagem deverá ou não ser feita. Utilizar a bicicleta para transporte requer esforço concertado e, consequentemente, encoraja a consideração e eficiência. Pedalar, pela sua natureza, desencoraja o desperdício de energia.

Pagamos um preço demasiado elevado pela conveniência que nos é oferecida pelo automóvel. Dependência em petróleo do exterior, aquecimento global, smog, mortes na estrada e muitos outros problemas que fazem parte do nosso desejo de extender os nossos confortos para além da nossa casa, usando o nosso carro. A verdadeira questão é se vale mesmo a pena, e caso não valha, o que escolhemos fazer em relação a isso."

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